Ensaio fotográfico sobre moradores de rua no centro de Curitiba.
Selma e seu companheiro vivem nas ruas de Curitiba, passam boa parte do tempo na Travessa da Lapa. Ambos eram trabalhadores que, após ficarem doentes, perderam trabalho, casa, tiveram documentos roubados e hoje vivem da solidariedade alheia. Eles ganham comida (os Cup Noodles, um macarrão instantâneo) de integrantes de uma igreja evangélica nos arredores e guardam consigo uma bíblia, cujos ensinamentos servem de conforto nas horas difíceis. Eles demonstram boa vontade em trabalhar. Porém Selma já não pode mais trabalhar: anda com dificuldade, já fez três cirurgias cerebrais e sofre com a incontinência urinária. Uma das dificuldades de quem mora na rua é a falta de higiene e de local apropriado para as necessidades fisiológicas. Para urinar, Selma amarra uma blusa na cintura e encontra um cantinho. Tudo com muita discrição. O lazer dos dois é tomar uma “pinguinha” de vez em quando. Eles são uma casal muito unido, se tratam por “meu amor” e dividem o pouco que possuem. Também são solidários a outros moradores de rua. Há algum tempo, o companheiro de Selma, ao ver um colega ser agredido por skinheads, usou a bengala da companheira para tentar defender o amigo. Ele pergunta, nessas horas, onde está a presidente Dilma? O governador Beto Richa? O prefeito Luciano Ducci? Onde?